Padrão ou mutilação
A muito tempo o
padrão de algumas raças determina a conchectomia
ou ototomia, corte de orelhas, e a caudectomia, corte de causa ou rabo,
como forma de realçar características de determinada raça, ajudar no trabalho a
ser realizado, dificultar na predação, entre outras justificativas.
Sempre achei lindo
o Dogue Alemão e o Dobermann de orelhas cortadas, isso torna os cães com um
aspecto mais imponente e assustador, já que ambas se tratam de cães de guarda,
é inegável que um American Staffordshire muda completamente o aspecto, passando
a ter uma visão mais ameaçadora, para quem não sabe, Americans e Pits são duas
raças muito semelhantes para o público em geral.
Basicamente os
defensores dos cortes de cauda e de orelhas se baseiam em 3 motivos para este
tipo de prática, para evitar lesões nas caçadas, por questões de higiene e para
seguir os padrões raciais.
A justificativa das
amputações para evitar as lesões, vem dos cães de caça como cockers e alguns
terriers, que necessitavam virar dentro das tocas de suas presas e sem as
caudas essa volta era realizada com mais facilidade, mas se pensarmos que o
teckels são exclusivamente cães de caça em toca e tem caudas integras, a
justificativa é por facilitar a retirada do cão de dentro da toca.
Os cortes por
higiene, são justificados pela facilidade de limpeza de cães com pelo muito
denso, cobrindo a região anal, evitando assim o acumulo de fezes e o odor
forte, outra justificativa comum é para as orelhas é que cães com orelhas caídas
tem uma propensão maior a sofrerem com otites e infecções em geral nos ouvidos,
se fizermos um estudo mais aprofundado não encontraremos nenhum canino selvagem
com orelhas caídas, um resultado da seleção natural.
Os cortes para
manter o padrão racial de beleza e funcionalidade, justificam a origem das
raças, pit Bulls tinham suas orelhas cortadas para diminuir a área de lesões e
sangramentos durante as lutas, Dobermanns e Dogues Alemães para aumentar a
aparente ferocidade, mas somente aparente pois o corte em nada interfere no
temperamento do indivíduo.
Mas alguém já viu o
trabalho e o sofrimento para deixar a orelha de um Dogue Alemão completamente
em pé? É coisa de outro mundo, curativos diários, uma armação de metal que é
esparadrapada mantendo a orelha do cão em pé enquanto cicatriza, tudo isso
causa muito sofrimento e incomodo ao filhote, até que esta orelha esteja
completamente em pé, o que deve ocorrer em cerca de 3 meses após o corte, que é
feito entre o terceiro e quarto mês.
Muitos países já aboliram a prática de cirurgias com intuito
meramente estético. Em 19 de março de 2008, o Conselho Federal de Medicina
Veterinária (Brasil), proibiu os veterinários de realizarem o corte de orelha.
A resolução dizia: "Ficam proibidas as cirurgias consideradas
desnecessárias ou que possam impedir a capacidade de expressão do comportamento
natural da espécie, sendo permitidas apenas as cirurgias que atendam as
indicações clínicas".
A cirurgia de corte de cauda foi desaconselhada, mas não
proibida. Em 18 julho 2013, finalmente, o Conselho Federal de Medicina
Veterinária do Brasil decidiu proibir também o corte da cauda dos cães para
fins estéticos.
No meu ver essa proibição gera um problema maior ainda, pois sabe-se que vários criadores utilizam a pratica de corte em seus canis sem o mínimo acompanhamento veterinário, sem anestesia ou condições mínimas de higiene, como não há uma norma jurídica para tanto, não haverá punição ao criador que as executar.